Foto: Rogério Cunha – ICMBio
O Parque Nacional do Boqueirão da Onça (PARNA), estabelecido em 2018, situa-se no sertão do norte da Bahia, abrangendo os municípios de Campo Formoso, Juazeiro, Sento Sé e Sobradinho. Sua área é estimada em 350 mil hectares, integralmente cobertos pela Caatinga.
A Caatinga, bioma singularmente brasileiro, caracteriza-se predominantemente por vegetação xerófila, especialmente adaptada à escassez de água. Contudo, em certas áreas do PARNA, observa-se a ocorrência de vegetação florestal. Essas formações contribuem para a preservação dos boqueirões – locais de concentração de água pluvial que inspiraram o nome do Parque – e abrigam nascentes perenes, mesmo durante a estação seca.
Fauna
O Parque Nacional do Boqueirão da Onça é notável por sua fauna, especialmente pela presença de felinos. O parque abriga a última grande população de onças-pintadas (Panthera onca) na Caatinga, com uma estimativa de aproximadamente 30 indivíduos. Além da icônica onça-pintada, o Boqueirão da Onça também é lar de outro importante predador, a onça-parda (Puma concolor), cuja população na região é estimada em cerca de 180 indivíduos.
O Instituto Pró-Carnívoros, por meio do Programa Amigos da Onça, desenvolve atividades na área do Boqueirão da Onça com o objetivo de mitigar os conflitos entre onças e a população humana, além de promover a conservação desses felinos. Uma iniciativa recente do programa é o curta-metragem “A última onça da Caatinga?”, que narra a história do resgate de uma onça-pintada na região e que merece ser assistido.
Adicionalmente, a Caatinga revela uma biodiversidade faunística notável, com uma parcela significativa de espécies endêmicas. Este bioma é reconhecido como uma das regiões semiáridas mais ricas em biodiversidade do planeta. Entre os outros habitantes do Boqueirão da Onça, destacam-se o tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla), o tatupeba (Euphractus sexcintus), o tatu-bola (Tolypeutes tricinctus), o veado-catingueiro (Mazama gouazoubira), o gato-do-mato (Leopardus tigrinus) e a jaguatirica (Leopardus pardalis).
É também no Boqueirão da Onça que se encontra a última população da arara-azul-de-Lear fora da região de Canudos (BA). Essa espécie ameaçada de extinção era considerada extinta na região, e agora encontra ali o habitat ideal para sua reprodução e sobrevivência. Foi feita, recentemente, uma soltura de seis indivíduos pela equipe do Projeto Arara Azul, documentada de forma emocionante aqui.
Atrações
O Boqueirão da Onça oferece atrativos que vão além da sua rica fauna, incluindo cavernas impressionantes, sítios com pinturas rupestres e a paisagem singular da Caatinga. A Toca da Barriguda se destaca como uma caverna labiríntica com aproximadamente 30 km de extensão. Já a Toca da Boa Vista é notável por ser a maior caverna do Brasil e de todo o hemisfério sul, com uma vasta rede de galerias subterrâneas que somam cerca de 106 km.
Em meio à paisagem semiárida do sertão baiano, o Boqueirão da Onça também reserva a encantadora Gruta do Sumidouro, um verdadeiro oásis natural. Essa gruta singular é atravessada por um curso d'água, proporcionando um ambiente úmido e fresco que contrasta com a aridez do entorno. A Gruta do Sumidouro convida à exploração e contemplação de suas formações rochosas e da serenidade do rio que a percorre, oferecendo um refúgio natural para a fauna e flora local.
A apenas 30 km da Gruta do Sumidouro, os visitantes podem descobrir a beleza da Cachoeira do rio Salitre. Embora não possua uma queda d'água de grande altura, com seus 3 metros, a cachoeira forma um poço convidativo com cerca de 3,5 metros de profundidade. Este local se torna um atrativo para quem busca um momento de relaxamento e contato com a natureza, oferecendo a oportunidade de um banho refrescante nas águas do rio Salitre, emoldurado pela vegetação característica da Caatinga. A combinação da atmosfera misteriosa da Gruta do Sumidouro com a tranquilidade da Cachoeira do rio Salitre enriquece a experiência dos visitantes no Boqueirão da Onça, revelando a diversidade de paisagens e a beleza escondida no coração do sertão.
Registros fotográficos