Gracina dos Santos Carvalho, nasceu em dez de março de um mil novecentos e quarenta e cinco (10/03/1945), em Poça da Areia região de Delfino. Filha de Merquido Manoel dos Santos e Josefa Jenuaria de Jesus.
Casada com Gabriel Félix de Carvalho, desta união nasceram dezesseis filhos, os quais são: Valdir, José, Aguinaldo, Hélio, Miguel, José Mário, Adenilton, Jasilene, Neuza, Josemar e Claudiana, Messias, Manoel (em memória) Demilson, o outro filho nasceu sem vida.
Mudou-se para comunidade de Barrocas com dezessete anos, com vinte anos se casou com seu Gabriel e foi morar no povoado de Sangradouro I.
Na comunidade desenvolveu muitas atividades, como: Agricultora, dona de casa, pião de sisal, parteira, dias de serviço, e fabricava derivados da mandioca.
Desde pequena trabalhou para ajudar os pais no sustento da família. Lembra que passava o dia todo trabalhando para ganhar um prato de farinha.
Colocava água também, em sua lembrança recorda que esperava a cacimba minar para encher as vasilhas e ganhar dois mil reis.
Lembra de uma senhora muito generosa por nome Titinha, que a ajudou muito nestes momentos difíceis, doando alimento para que ela levasse para seus irmãos.
Recorda que trabalhava a dia de serviço na Boa Intenção raspando mandioca, retirava a tapioca em uma gamela, lavando a noite para que no outro dia, tivessem o que comer.
Conta que em uma noite que vinha da Boa Intenção com outras amigas, ouviram barulhos de couro arrastando, porém ao olharem não viram nada. Acredita que o local era assombrado, pois no local onde hoje é um cemitério antigamente era uma igreja.
Dona Gracina, não tem uma religião definida, frequenta a Igreja Católica e a Evangélica. Mas, possui uma fé inabalável em Deus, que sempre tem cuidado dela. Em suas orações pede saúde para os seus filhos e as pessoas que ama.
Aprendeu a arte de ser parteira sozinha, pois a dinâmica do tempo, devido a necessidade, sempre auxiliava as mulheres no momento de parto e acompanhando sua tia Maria, observando de perto como eram feitos os procedimentos.
Recorda que em dos parto mais difíceis foi quando a parturiente teve hemorragia, no momento ela fez uma oração e o sangue começou a estancar. Como prevenção para que a hemorragia não retornasse, o esposo da parturiente foi em Lages buscar um medicamento com seu Joca.
Em seu oficio como parteira realizou seis partos, o primeiro com cinquenta e oito anos, o ultimo com sessenta e oito, foi o de Paixão, este nome foi posto devido a data de nascimento da criança que foi em uma Sexta Feira da Paixão. Relata que todos os partos foram bem sucedidos.
Os cuidados com a parturiente iniciavam com a organização do quarto, relacionado a arrumação da cama, dos objetos a serem usados no momento do parto a exemplo da tesoura para corte do umbigo da criança, fita para amarrar o umbigo, entre outros objetos a serem utilizados neste momento. Após o parto era o momento de proceder com o banho com algumas plantas medicinais a exemplo de aroeira, barbatimão, casca de caju.
Já a arte de rezar aprendeu na infância, desenvolvendo habilidades para a cura de algumas enfermidades como: mal vermelho, zipa, mal olhado, mal de monte. Para cada uma das enfermidades, no momento da reza ela utiliza uma determinada planta medicinal.
O mal vermelho é quando a ferida fica vermelha, o mal de monte quando fica roxa, zipa é uma coceira que descasca e vira ferida. Para o mal de monte no momento da reza ela usa folha de arruda, para o mal vermelho e a zipa usa folha de favela. Após a reza as folhas ficam secas.
Atualmente, está aposentada, porém, continua desenvolvendo as atividades de dona de casa