Maria Francisca de Jesus, nasceu em 1915 no povoado de Gameleira do Dida e morreu em 13 de agosto de 1996, numa quinta-feira no mesmo povoado de nascimento. Maria Francisca de Jesus, conhecida popularmente como mãe Maria, era órfã de pai, nasceu em um tempo que sua mãe sendo escravizada, não podia revelar a identidade do pai dos filhos.
Em sua trajetória viveu em um tempo que não havia escola, mas acompanhado os mais velhos nas funções diárias, especialmente sua mãe, aprendeu algumas funções como: artesã, resadeira, parteira.
Com uma delicadeza surpreendente, suas mãos teciam com o uso do barro a produção de diversos utensílios domésticos como potes, pratos, panelas...
Produzia lindos bordados, usando uma técnica chamada de renda de birlo, popularmente conhecido como bico de renda
Mas a sua maior proeza foi dedicada ao nascimento das crianças da comunidade, desempenhando o oficio de parteira. Dedicada em servir as mulheres no momento mais delicado de sua vida, não havia empecilho, horário, dia da semana especifico para isso, mas sempre que era solicitada para acompanhar o nascimento de uma criança, estava pronta para trazer ao mundo esta nova vida.
Relatos dos familiares, contam um certo episódio, ocorrido em dia de chuva, com enchentes no rio, Maria foi solicitada para acompanhar o parto de uma senhora que morava do outro lado. Ao atravessar o rio cheio, ela cai na água e deslocou o ombro, mesmo ferida, conseguiu consegui fazer o parto com proeza.
Tinha grandes habilidades no momento de realizar o parto, crianças que não estavam na posição correta para nascer, esta consegui mudar a posição do bebê, salvando a vida da mãe e do filho.
Como resadeira, usava a planta chamada benzedeira, para trazer alivio as enfermidades, daqueles que solicitavam sua ajuda. Em agosto de 1957 ao passar para a religião Evangélica, deixa o oficio de resadeira.
Em 1926, no mês de novembro, casou com Vitorino e dessa união nasceram seis filhos, Joaquim, Vitoria, Luiz, Vitalina, João, José.
Um fato curioso/triste aconteceu no dia do casamento de Maria e Vitorino, ambos como descendentes de escravizados, não conseguiram casar no mesmo dia que outros noivos, pois segundo as normas sociais daquele tempo, eram considerados inferiores, o casamento foi realizado um dia após.
Um dos maiores desafios enfrentados por Maria está relacionado à período difícil para sobrevivência, em que havia muita fome, e para não deixar seus filhos perecerem, era uma mulher guerreira, que desenvolvia diversas atividades, como limpeza das roças, para ganhar diária de serviço, produzia adobe, lavava roupa de ganho, retirava pó de palha etc.
Mesmo diante de tantas dificuldades, Maria possuía o dom de ajudar o próximo