Matilde de Jesus Soares, conhecida com carinho como Dona Nenzinha, nasceu em 4 de fevereiro de 1938, no povoado de Abreus, município de Campo Formoso, Bahia. Filha de Joana Barão, cresceu em meio à simplicidade do sertão e à força das mulheres que sustentavam suas famílias com trabalho, fé e coragem. Desde muito jovem, aprendeu o valor da terra e do esforço coletivo, ajudando a mãe nas tarefas do campo e desenvolvendo um profundo senso de responsabilidade. Mulher de espírito firme e coração generoso, Dona Nenzinha herdou da infância em Abreus o amor pela comunidade e o costume de estender a mão a quem precisasse. Foi na juventude que decidiu deixar sua terra natal, mudando-se para Casa Nova dos Amaros, influenciada por parentes que já residiam na região de Patos III. Como tantos migrantes do sertão, buscava novas oportunidades, mas levava consigo o mesmo desejo de trabalhar e construir um futuro melhor. Em sua nova morada, encontrou não apenas o sustento, mas também o amor. Conheceu Duque Tomaz dos Santos, homem trabalhador e de raízes profundas na localidade, com quem se casou e formou uma das famílias mais conhecidas e respeitadas da comunidade. Unidos por um mesmo propósito, criaram dez filhos com base em valores sólidos de honestidade, humildade e fé. O casal tornou-se símbolo de união e perseverança, ajudando a consolidar o povoado que cresceria ao redor das famílias pioneiras.
Dona Nenzinha sempre foi uma mulher de trabalho e de fé, cujas mãos acostumadas ao labor na roça também se estendiam em gestos de carinho e solidariedade. Ao lado do esposo, dedicou-se à agricultura, cultivando a terra com amor e garantindo o sustento da família com os frutos do próprio esforço. Foi testemunha e participante do processo de formação de Casa Nova dos Amaros, comunidade que ajudou a povoar com sua presença firme e acolhedora. Entre plantações de milho, feijão e mamona, construiu uma vida marcada pela simplicidade e pela força do trabalho coletivo. Dona Nenzinha era daquelas pessoas cuja sabedoria não vinha dos livros, mas da experiência e da convivência sabia acolher, aconselhar e orientar, sendo respeitada por todos como exemplo de mulher batalhadora. Mesmo diante das dificuldades típicas da vida rural, nunca perdeu o sorriso nem a fé.
Acreditava que o segredo da felicidade estava na gratidão e no amor partilhado entre as pessoas. Sua casa tornou-se ponto de encontro para parentes e vizinhos, onde sempre havia um café fresco e uma boa conversa à sombra do alpendre. Viúva de Duque Tomaz dos Santos, continuou a zelar pela família e pelo legado construído junto a ele, mantendo viva a memória de quem, com esforço e esperança, transformou o sertão em lar. Hoje, seu nome permanece lembrado com carinho em Casa Nova dos Amaros, como o de uma mulher que, com sua coragem silenciosa e dedicação incansável, ajudou a escrever uma parte importante da história local. A trajetória de Matilde de Jesus Soares, a querida Dona Nenzinha, é uma celebração da força feminina sertaneja símbolo de resistência, amor e fé, cuja vida continua inspirando as novas gerações que seguem seus passos entre as mesmas terras que ela ajudou a cultivar.